Série "A Influência Negra no Carnaval" - Conheça um pouco da história dos blocos afros de Salvador - Bloco Afro Ilê Aiyê


texto por Énia Dára Medina

Vamos viajar pelo carnaval afro no Brasil? Começamos por Salvador. Berço do samba-reggae, ritmo que embala em muito o carmaval de Belo Horizonte.

Começamos pelo Ilê Aiyê - Oficial, o primeiro bloco afro do Brasil!

Ilê Aiyê, entidade que há cerca de 40 anos, apresenta para o Brasil e para o mundo, o discurso de valorização e promoção da estética negra, além da conscientização e politização de seus membros e de sua comunidade através de ações afirmativas nas áreas da música, da arte e da estética. Fundado em 1º de novembro de 1974 por Antônio Carlos dos Santos, mais conhecido como Vovô do Ilê, o bloco foi criado em consequência das desigualdades raciais e sociais presentes no carnaval baiano, mesmo este sendo o estado com a maior população negra do Brasil. Notava-se nos grandes blocos, festas e clubes carnavalescos a predominância de pessoas brancas, enquanto em geral, os homens negros apareciam apenas para servir estes grupos ou até mesmo permaneciam invisibilizados.

Partindo desse questionamento, o Vovô do Ilê, juntamente com seus irmãos, sua mãe e alguns amigos, criou o primeiro bloco denominado “afro” do Brasil, onde só poderiam haver integrantes negros e negras, músicas de exaltação à este povo e às diversas culturas africanas e a promoção de sua estética e cultura. Desde sua primeira saída o Bloco Afro Ilê Aiyê se destacou e chamou muita atenção da imprensa e da população negra e não negra na Bahia e em todo país, crescendo espantosamente a cada ano.

A cada ano, o Bloco Afro Ilê Aiyê, define com muito critério e pesquisa o tema de seu carnaval, inspirados em diversas linguagens de África, já narraram desde o Egito à Jamaica, de Pernambuco à Minas Gerais, sustentados por uma consolidada equipe de diretores especializados em música, história africana, política, figurino, dentre outros.

Ao passar dos anos, as ações afirmativas do Bloco Afro Ilê Aiyê não se limitaram à sua criação, seu segundo grande projeto, que transformou principalmente a realidade e auto-estima das mulheres negras, foi o concurso de beleza “Deusa do Ébano”. Neste, as candidatas paramentadas como rainhas africanas, tinham a chance de se tornarem referência de beleza e poder, realidade essa que não existia em outros concursos e na sociedade em geral.

Movidos pelo sonho de transformar a vida de jovens negros e negras, as ações afirmativas do Bloco Afro Ilê Aiyê se estenderam também para a educação e para a capacitação profissional com o surgimento da “Escola de Alfabetização Mãe Hilda”, do “Projeto de Extensão Pedagógica Banda Erê” e da “Escola Profissionalizante do Ilê Aiyê”, transformando a vida de milhares de jovens.



Sede do Bloco Afro Ilê Aiyê de da Escola de Alfabetização Mãe Hilda

Antônio Carlos "Vovô" - fundador
do Ilê Aiyê

Mãe Hilda Jitolú - matriarca do Ilê Aiyê

Noite da Beleza Negra - Concurso Deusa do Ébano

O tema do carnaval 2018 do Ilê Aiyê será “Mandela. A Azânia celebra o centenário de seu Madiba”."Dando continuidade às homenagens à Década Internacional de Afrodescendentes, instituído pela ONU, em dezembro de 2013, depois de “passear” por diversos países e estados brasileiros que compõem a diáspora africana, o bloco afro mais antigo do Brasil decide lançar seu olhar, mais uma vez, para a Azânia, dessa vez para comemorar os 100 anos do “Pai da Nação”, o Madiba, Nelson Mandela."


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